14 outubro 2010

Algumas considerações

É meu filho, aqui vão algumas considerações que não saem da minha cabeça e que talvez seja importante registrar, tudo bem que o título não é bom, mas vamos ao que interessa.

Primeiro é sobre as certezas, por mais esclarecido que qualquer ser humano seja, há sempre algumas certezas (porque quanto mais esclarecido menos certezas devemos ter) que nutrimos sobre nós mesmos.

Eu sempre tive a certeza de que não queria virar uma super-mãe, uma mulher cujo o único assunto é a super estimação do próprio filho. Por isso sempre odiei depoimentos de mães que dizem: "um filho nos transforma", "eu não me sinto mais sozinha depois que tive filho", "a maternidade é uma dádiva", entre outras pérolas com o mesmo sentido.

Sempre pensei que queria ter filhos e tal, mas que independente de ser ou não ser mãe, eu nunca ia fazer disso a razão da minha existência,  até porque os filhos dessas mães correm sérios riscos de virarem pessoas insuportáveis.

Tá, posto de lado o discurso e toda a crença que sempre me acompanharam como as certezas de que "nunca serei", "nunca farei" e etc, hoje estou aqui, mãe, e aí? O que dizer agora? O que mudou afinal?

Bom, me recuso a repetir o bordão de que ser mãe é a melhor coisa do mundo, mas tudo bem, ser mãe faz a gente ver o mundo de forma diferente, de que forma? Na forma de "a mãe e o bebê". Logo, se estou vendo uma novela em que o vilão é tão vilão que maltrata a própria mãe, penso nele pequeno, do tamanho que você tem hoje, e em como um bebê que foi cuidado e amado pela mãe (já que a mãe do vilão é uma pessoa boa) pode crescer e ser uma pessoa má?

E por aí vai, qualquer fato ou pessoa eu reduzo para a relação mãe e filho, além disso, a sensibilidade para crianças de forma geral está totalmente alterada, é um maternalismo geral para todas as crianças do mundo, e logo uma dor sem fim porque o que há de mães e pais que maltratam, abandonam, usam, abusam dos filhos, eu não posso nem pensar... fora isso, há toda a pobreza, toda a miséria que vitimam mães e filhos, como a história da nova cuidadora do tio Rogério: 21 anos,  3 filhos de 1, 2 e 4 anos, foi abandonada pelo marido grávida, vive num casebre de 1 cômodo. Detalhe: a vaga de cuidadora requer que ela durma no trabalho, as crianças ficarão com uma vizinha de 17 anos durante toda a semana.

Ai ai ai, que mundo cão, que dor de pensar nesses três bêbes... essa menina não pode deixar essas crianças a semana toda... bom, a sua vó pensou a mesma coisa, mas o fato é que ela não consegue trabalho para ir e voltar todos os dias, a casa dela é longe e para ir e voltar ela gasta 10 reais de ônibus (é muito para pagar diariamente). A sua avó deu o trabalho e agora estou aqui matutando o que posso fazer por essas crianças.

Outra consideração: sempre (desde que cresci) detestei dia das crianças, dia das mães, dia dos pais, natal e qualquer forçação de barra do comércio, por isso decidi que você, no que depender de mim e do seu pai (porque suas avós e avô já te compraram presentes), não haverá esse papo de dia das crianças (e isso faz parte da luta para não ser uma super-mãe), nessa data separaremos seus brinquedos velhos para doarmos para crianças pobres.

A última consideração: sobre vocabulário infantilizado, não gosto, sempre pensei em evitar essa linguagem débil exagerada, e outra coisa ridícula: a mãe chamar o pai do bebê de pai, e vice versa... daí que isso muitas vezes escapa, tanto eu chamo seu pai de pai e ele me chama de mãe, quando estamos (babando) e falando frases como se fóssemos você... tá, isso é horrível e sempre nos repreendemos mutuamente quando está demais, mas dentro desse infantilês criamos o verbo: pepetar. Quer ver você pepetando? segue a foto logo abaixo.

É foda, quando vejo estou totalmente na sua linguagem, e viro para o seu pai: "pai, pega minha pepeta", de forma tão natural.

Bom, é por essas e outras que existe a expressão "pagar a língua", porque eu até me policio muito, mas quando vejo estou agindo e pensando de um jeito (mãe) que sempre achei que eu nunca faria!

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