Li esse texto ontem, Menino a bico de Pena, da Clarice Lispector, que a sua dinda me mandou e fiquei super emocionada só pensando em você.
"O menino é aquele em que acabaram de nascer os primeiros dentes (...) lá está ele sentado iniciando tudo de novo (...)".
"Ninguém conhecerá o hoje dele, nem ele próprio".
É exatamente isso, você acorda falante, sorridente, olha ao seu redor observando, buscando e pegando o tudo e o nada, pensando sabe-se lá em quê, você simplesmente existe e o seu tempo é o agora.
Consigo perceber uma exaltação ainda maior, agora que se arrasta e pega mais facilmente tudo que estiver ao seu alacance, repara bem em cada objeto, sente na boca as diferenças e texturas, aprecia a madeira, o plástico, o vidro e sempre que pode mastiga o papel.
Eu vou para a cozinha e te deixo nessa atividade sem meio e sem fim, se fica muito quieto ou se reclama ensaiando um choro, volto para te ver, ás vezes te pego olhando a Nina, outras apenas cansado do brinquedo, troco por outro e está tudo bem. Hoje te vi deitado e parado, descansando o pescoço que sustenta a cabecinha desproporcional, momento raro de quietude e descanso!
Quando me vê abre um sorriso, e ao constatar que tudo vai bem, volto para a cozinha, se o seu tempo já deu, você chora, te coloco no colo e seus problemas acabam... adoro quando você está bem cansado, é o tempo de te colocar no peito, ver o seu olhar que é só nosso, uma mãozinha que procura meu colar, e pronto, adormece para de repente acordar novamente sorrindo, procurando....
É o menino, atual, vivo, sempre ocupado com o nada e com o agora.
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